‘Racismo estrutural’ precisa ser combatido, alerta professor em seminário do Afrodom
Autor: Dom Total
Disciplina: Afrodom
‘Racismo estrutural’ precisa ser combatido, alerta professor em seminário do Afrodom
Por Patrícia Almada
Repórter DomTotal
‘Práticas e discursos racistas foram implementados em prol de uma elite que se beneficia desse processo’ opina o coordenador do curso de Relações Internacionais da PUC-MG, Rodrigo Teixeira. Ele foi um dos palestrantes do seminário “A Transversalidade dos Direitos das Minorias e o Diálogo Intercultural Brasil – África”, evento promovido pelo grupo de pesquisa Centro de Estudos Afro Brasileiros (Afrodom) na noite dessa segunda-feira (4) na Dom Helder Escola de Direito.
O professor avalia que as questões do racismo, os processos de discriminação étnicas e raciais envolvem estereótipos, desconhecimento e ignorância. Além disso, ressalta que existe um interesse político e elitista. Trata-se, de acordo com ele, do ‘racismo estrutural’.
“Não tenho dúvida que o precisa ser atacado é o racismo estrutural, é o racismo enquanto projeto político. Então, é claro que para combater o racismo é preciso de um processo educacional que se questione os estereótipos, que se questione preconceitos, mas é preciso também um esforço do estado e da sociedade civil no sentido de combater o projeto de uma elite”, pondera.
Sobre como se instituir a transversalidade dos direitos das minorias nas escolas ou instituições de ensino, Rodrigo explica que no início do século XXI tornou-se cada vez mais urgente que o processo educacional, envolvendo todas as faixas etárias e níveis educacionais, lidasse com multiculturalismo e os Direitos Humanos.
Sendo assim, ele explica que foi necessário criar um caminho que contemplasse o direito das minorias étnicas raciais, de caráter religioso, confessional, ou em relação a gênero. “São um conjunto de demandas e emancipação social associados aos Direitos Humanos que foram crescentes nos últimos 20 anos e há esforços concentrados de algumas de algumas instituições, como o Afrodom, que tem feito um esforço para se fazer a ponte e estabelecer a interface também com a educação em diferentes níveis”, disse.
Seminário
O seminário foi aberto oficialmente pelo professor e coordenador do grupo de pesquisa da Dom Helder Sébastien Kiwonghi Bizawu, que recepcionou os participantes e falou sobre o Afrodom, iniciativa pioneira da Instituição. “Se trata de um projeto que busca trazer interdisciplinaridade de algumas áreas do conhecimento. Visa, em primeiro lugar, pesquisar o que nós temos da cultura afro-brasileira no Estado de Minas Gerais. Por isso, temos o apoio da FAPEMIG para podermos levar adiante esta pesquisa. Sendo assim, contamos com a colaboração de muitos professores e outras instituições, como em São Paulo que tem essa temática de estudos afro-brasileiros. Nessa relação entre as duas culturas, queremos trazer também, na pesquisa, algumas realidades locais. É por isso que o Centro de Estudos Afro Brasileiros busca promover o diálogo entre a cultura africana e brasileira, onde nós temos um impacto muito forte dos afrodescendentes e sobretudo no Estado de Minas Gerais”, relata.
Durante o seminário, os integrantes do grupo de pesquisa do Afrodom apresentaram temas que discutiram e refletiram sobre questões raciais, situação de rua, feminicídio, dentre outros assuntos.
Livro
O lançamento do livro “A transversalidade dos Direitos das Minorias e o diálogo intercultural Brasil-África” (Organizado pelos professores Pedro Andrade Matos e Sébastien Kiwonghi Bizawu) também marcou o seminário.
“O povo negro brasileiro passou a enfrentar as dificuldades, preconceitos e racismos na busca de seus direitos, como moradia, trabalho, educação e saúde. Essas áreas foram tratadas por vários autores deste livro em exposição. Conecta também, esses textos, um olhar sobre a cultura dos povos africanos e suas contribuições à cultura brasileira. Esse patrimônio cultural e heranças partilhadas são os pontos que nos mostram a possibilidade do diálogo com o Brasil, ou do Brasil com os diversos países africanos”, explica o professor Pedro Matos.
Mesa
Fizeram parte da mesa de diálogos os professores da Dom Helder Pedro Andrade Matos, Sébastien Kiwonghi Bizawu, Adriana Camatta, Lívia Maria e os professores da Puc-Minas Rodrigo Teixeira e a coordenadora de Estudos Africanos da UFMG Vaniclea Santos.